Crise: Análise dos custos fixos e variáveis

Crise: Análise dos custos fixos e variáveis
Crise: Análise dos custos fixos e variáveis

Crise: Análise dos custos fixos e variáveis

Você, gestor de empresa, com certeza já teve que lidar com custos fixos e variáveis e talvez já tenha ouvido falar sobre a importância do assunto. Ainda, sabemos que é nos tempos de crise que as pessoas percebem a importância daquilo que por ventura já tenham escutado. E agora, na crise decorrente do coronavírus, o exercício de analisá-los torna-se maior que nunca – uma oportunidade a ser feita em tempos de quarentena.

Aqui focaremos em algumas análises que podem ser feitas comparando os custos fixos e os variáveis. Revisarei rapidamente a diferença entre custos fixos e variáveis:

  • Custos fixos: São os custos que não se alteram de acordo com a demanda, por exemplo: contas básicas (água, energia), aluguel e salários.
  • Custos variáveis: Os custos variáveis são aqueles que se alteram de acordo com a demanda – quanto maior a demanda, maiores os custos variáveis, como a matéria-prima.

Observação: Para a divisão em fixos e variáveis deve ser observada outra característica importante: não se está comparando um período com o outro, e sim a variação em relação à demanda. Esse fato é de extrema importância para não se confundir custo fixo com custo recorrente (repetitivo). Por exemplo, se o aluguel é reajustado mensalmente em função de qualquer índice e nunca é igual em dois períodos subsequentes, não deixa de ser um custo fixo, já que em cada período seu valor é definido e independe do volume produzido. A depreciação, com sua possível variação, também é um custo fixo (MARTINS, Contabilidade de custos, 1980).

Análises:

De um modo geral, quanto maior seus custos fixos comparado aos variáveis, maior seu risco operacional. Ainda que a empresa possa usar isso ao seu benefício, como quando uma fábrica decide abrir outra sede em outra cidade para baratear os custos variáveis de transporte: O custo fixo cresce pela abertura da nova sede, mas os custos variáveis por unidade vendida abaixam. Assim, a margem de contribuição (Preço de venda – gastos variáveis) aumenta para cada unidade vendida. 

Diz-se que a empresa se alavancou operacionalmente: Até ter uma determinada quantidade de venda, a decisão pela abertura da nova sede terá gerado prejuízo operacional. Entretanto, superado esse ponto de equilíbrio, cada novo produto vendido gerará mais lucro que anteriormente. Observou que a decisão de aumentar os custos fixos implicou em maior risco para a empresa?

É assim que os custos fixos devem ser observados: um investimento que deverá gerar retorno e que também acarreta em risco operacional. Por isso, é sempre importante revê-lo analisando aqueles que talvez não estejam gerando valor para a empresa. 

Como Paulo Lemann já disse, “Custo é como unha; tem de ser cortado sempre“. Mas para isso é necessário analisar os impactos desse corte. Aproveitar o tempo de crise para separar corretamente os custos fixos e variáveis de sua empresa é um grande passo para esta análise.

Revisando os custos, você provavelmente achará uma taxinha de banco, um seguro que você nem sabia que pagava, entre outras coisas. Para saber o que fazer na sua empresa, acesse o artigo que criamos com dicas específicas para a crise que atravessamos <https://roamagestao.com.br/blog/coronavirus-como-proteger-minha-empresa-durante-a-pandemia/>. Querendo saber como se prevenir para o futuro, continue a leitura.

Muitas empresas esquecem de gerenciar seu risco, e infelizmente acabam quebrando em tempos de crise, seja por uma visão apenas otimista ou um erro de análise. Os riscos parecem ser pequenos. Entretanto, existem milhares de quase invisíveis riscos que quando somados obrigam que uma empresa tenha reserva de emergência para ser considerada saudável financeiramente.

Reserva de emergência: Deve levar em conta sobretudo os custos fixos. Quantos meses de sobrevivência minha empresa teria se tivesse de pagá-los? Você pode estimar cenários diferentes, como com demanda nula ou com 20% de receita. Sugere-se que se tenha uma reserva de emergência para pelo menos 3 meses de sobrevivência da sua empresa. E atenção: é importante que esse dinheiro esteja alocado em ativos de baixíssimo risco e com grande liquidez (disponibilidade da noite para o dia). Caso haja uma crise sistêmica como agora, você mesmo pode notar o que aconteceu com os ativos de maior risco – não subestime esse risco. Podemos também sugerir um investimento via Tesouro Direto. Por fim, se utilizar dinheiro da reserva: reponha.

Transforme salários fixos em variáveis: Na medida do possível, estabeleça uma parte fixa do salário e outra variável. Você pode trabalhar com a média ponderada para estimar quanto de salário variável o colaborador receberia por mês. Vamos supor: Por mais que o funcionário recebesse um pouco acima mensalmente com esse modelo (o que pode ser provável, visto que a parte variável é um risco para o funcionário), em caso de queda da receita o salário do funcionário também diminuiria. Quando possível esse modelo para a empresa, também é uma forma de gerenciamento de risco.

Diminua seus estoques de baixo giro: Para isso, siga a Regra de Pareto como referência. Tal regra, observada em diversos setores e em muitas empresas, transposta para controle de custos diz que 20% dos produtos são responsáveis por 80% da receita. Identifique aqueles produtos com pouca saída.

Revise os fornecedores: Sabemos que muitas empresas continuam com os mesmos fornecedores de quando começaram, muitas vezes por relação de confiança. E não desprezaremos tal relação: É importante acreditar no fornecedor para atender seu pedido da melhor maneira possível, e muitas vezes o tempo de relação nos permite isso. Entretanto, isso não pode nos impedir de buscar por outros fornecedores com credibilidade no mercado: As vezes isso nos permitirá reduzir o custo variável.

Premie sua equipe caso atinjam as metas de redução: Por fim, para a redução de custos que dependam da equipe, como economia em papel, energia, telefone e afins, você pode premiá-los por meta. Se você economizou R$1000 frente ao cenário base e acordou distribuir metade, ainda sairá no lucro e gerará um mindset nos funcionários.

Lembre-se: em épocas de crise, é importante fazer a tarefa de casa e arrumar a empresa. Caso contrário, é como secar o chão da casa com a torneira ainda aberta.

Se você precisa de um especialista para analisar suas contas ou de uma equipe para cuidar das contas por você, entre em contato com a gente. Facilitaremos a sua vida na retomada.

Escrito por: Marcelo Vieira Portela

Linkedln: <https://www.linkedin.com/in/marcelo-portela-2790b9126>