Gestão Financeira e Esporte
A princípio gestão financeira e esporte não tem muita relação, a não ser pela má gestão financeira da maioria clubes brasileiros de futebol. Os times que mais vem se destacando atualmente são justamente aqueles com maior organização financeira. Basta olhar o exemplo de Flamengo, Palmeiras, Grêmio e Athletico Paranaense. E nada disso vem da noite para o dia, são esforços de longo prazo.
Bom, nem quero entrar no mérito dos clubes de futebol e seus resultados, mas sim contar um pouco sobre a minha “vida esportiva” para vocês pensarem como isso pode se aplicar à sua vida e a gestão financeira. Hoje, depois de uma aula experimental de crossfit eu comecei a pensar como algumas pessoas tem facilidade para alguma coisa e outras não tem habilidade alguma.
Eu sempre fui uma pessoa horrível em qualquer atividade física. Joguei futebol de campo com 6 anos e não consigo apagar da minha mente o professor falando “domina a bola” toda vez que a bola vinha até mim, batia e ia embora. Eu simplesmente não sabia o que era aquilo e não conseguia entender o que fazer.
Alguns anos depois entrei no futsal e sempre fui um dos piores. Fui até obrigado a participar de campeonatos e também não consigo apagar da minha mente minha família gritando comigo pra correr atrás da bola enquanto eu servia como um peso morto no time.
Entrei depois da natação, nem era bom nem ruim, mas eu achava muito chato e nunca mais pretendo voltar a fazer. Respirar e nadar, na minha cabeça, são duas coisas que não deveriam ser feitas ao mesmo tempo.
Entrei na aula de tênis e até achei muito divertido, embora muito difícil. Eu era a única pessoa que sacava com a raquete já apoiada no ombro em vez de fazer o movimento completo porque eu não tinha coordenação motora para sacar da maneira correta. Eu mais faltava a aula do que ia e parecia que quanto mais eu treinava, pior ficava.
Com 16 anos comecei a frequentar uma academia. Eu achava aquilo muito chato, mas tive a orientação de bons professores e a liberdade de poder ir a qualquer momento, junto com alguns poucos resultados físicos, que me motivaram um pouco. Eu diria que nos dois primeiros anos eu fingi que ia pra academia, sempre dando aquele famoso “migué”, mas pelo menos eu ia.
Saúde, bem-estar, endorfina correndo no corpo e os benefícios estéticos (não há como negar esse último) foram se mostrando presentes e o mais interessante: só eu podia fazer aquilo por mim mesmo. E foi nesse ponto que eu percebi que não importava o quão desajeitado, fraco ou incapaz eu me sentisse, só dependia de mim e que se eu quisesse tais resultados, deveria continuar tentando.
Quase 10 anos se passaram e eu continuava matriculado até hoje, quando cancelei minha academia. Durante esse tempo evoluí muito, nunca tive o corpo perfeito, nem fui o maior exemplo de alimentação, mas eu nunca parei. O fato de eu nunca ter parado é o que me fez estar hoje com a ótima saúde que tenho, feliz e com um corpo legal na medida do possível.
Só consegui ficar tanto tempo com a mesma atividade física porque por mais chato e monótono possa ser uma academia, eu mantive a constância independente de qualquer situação e colhi os frutos com o tempo. Durante todo esse tempo mantive na minha mente que se eu parasse, perderia todos os benefícios de tanto esforço.
Lembro-me de vários dias em que fui mesmo com preguiça, cansado, chovendo, gripado e até com dor cabeça (não façam isso). Durante todos esses anos nunca fiquei mais de uma semana sem ir, a não ser por estar viajando ou por questões de saúde. Claro que não sou uma máquina e faltei alguns dias por preguiça mesmo.
Nos últimos anos até peguei gosto pela corrida e recentemente comecei a jogar futebol por diversão mesmo. Continuo sendo um péssimo jogador de futebol e um corredor com problemas no joelho, mas não uso isso como desculpa para parar.
Agora, cancelei a academia e resolvi tentar uma nova modalidade porque queria mudar um pouco de ambiente e preciso de mais estímulos. Entrei na moda do crossfit e durante a aula de hoje tive a mesma sensação de todos os esportes por quais eu já passei: eu não tenho nenhuma habilidade para esportes.
Tem gente que pega, entende fácil, faz os movimentos, mas pra mim toda aquela sequência de atividades não faz o menor sentido e não entram na minha cabeça. A sensação de se sentir incapaz de executar o que precisa me lembrou o porquê de eu ter desistido de todos os outros esportes.
Ok, mas e o que isso tudo tem a ver com gestão financeira?
Tudo!
Para mim, gestão financeira é a coisa mais óbvia do mundo. Grande parte das coisas que faço aprendi sozinho, me viro, dou um jeito e as soluções sempre fluem muito fácil. Com uma frequência altíssima eu vejo empresas cometendo erros e penso como é possível que tal coisa esteja acontecendo. Deve ser mais ou menos a reação que o professor teve hoje enquanto me explicava pela milésima vez como fazer um movimento que todo mundo estava fazendo, menos eu.
Assim como eu gosto de consultoria empresarial, sou bom em analisar o fluxo de caixa das empresas, me divirto calculando o capital de giro e avaliar investimentos é como um passatempo, um jogador profissional de futebol sabe driblar, chutar e tocar como se estivesse apenas se divertindo.
Para alguns, certas coisas são óbvias, fáceis e nem é preciso muito esforço para que o objetivo seja alcançado. Para outros o resultado só vem depois de muito esforço, paciência e por não desistir independente de qualquer coisa.
Assim como eu tenho muita dificuldade com esportes, a grande maioria das pessoas tem dificuldades com números, dinheiro, gestão financeira e está tudo bem!
É bem provável que as finanças da sua empresa nunca tenham sido ajustadas porque você não sabe muito bem como lidar, não sabe o que fazer ou não consegue olhar mais do que 5 minutos para uma planilha com números. Você às vezes pode se sentir incapaz de resolver esse problema e por se sentir mal, prefira fugir para não encarar aquilo, assim como eu fugi das aulas de tênis, por exemplo. Assim como dói puxar ferro e fazer agachamento, é muito incômodo ficar cuidando de vários detalhes da conciliação bancária da sua empresa até que todos os lançamentos estejam corretos.
Talvez você até esteja negando que tem essa dificuldade mesmo sabendo que lá no fundo, tem sim. Com dificuldade de entender os números e lidar com dinheiro ou não, sua empresa precisa se organizar financeiramente e isso só depende de você.
A diferença entre a atividade física e a gestão financeira é que se você pagar para alguém correr para você, seu peso não vai diminuir. A gestão financeira da sua empresa pode ser terceirizada ou você pode contratar alguém para tomar conta no seu lugar. Mas isso talvez não seja suficiente, porque se suas ações forem tomadas sem levar em conta os números, vai ser como pagar alguém para emagrecer por você.
Peço perdão pelo papo muito filosófico, motivacional, coach e crossfiteiro. Talvez eu esteja com muita endorfina no corpo e relembrando como era difícil psicologicamente pra mim fazer qualquer esporte.
O legal é que eu encontrei uma forma mais adequada de cuidar do meu corpo, assim como você pode encontrar a maneira mais adequada para cuidar das suas finanças. Isso só ocorreu porque tive profissionais que me ajudaram, assim como você pode encontrar profissionais para te ajudar com suas dificuldades com a gestão financeira.
O mais importante de tudo é que eu não desisti, por mais chato e frustrante que fosse, assim como você não deve desistir de gerir seu dinheiro da maneira correta. A adaptação pode ser lenta, mas os resultados vêm e são inquestionáveis. Não deixe de cuidar da sua saúde (física, mental e financeira).
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